quarta-feira, 29 de abril de 2015

MP investiga caso de recém-nascido dado como morto em Joinville

O Ministério Público (MP) investiga se houve negligência médica em um pronto-socorro de Joinville, Norte de Santa Catarina, no caso de um recém-nascido. O bebê foi dado como morto, porém, ao ser transferido para uma maternidade, a equipe percebeu que estava vivo, conforme mostrou reportagem da RBS TV na terça-feira (28).
Em 17 de março, a mãe da criança chegou de ambulância no Pronto Atendimento (PA) Leste  com sangramento e dores abdominais. Logo depois, foi ao banheiro da unidade. Lá, o bebê nasceu. A mãe chamou a equipe de enfermagem, que viu a criança dentro do vaso sanitário. 
Pelo prontuário do PA, o bebê nasceu prematuro, de 24 semanas, e foi considerado morto. A descrição da equipe diz "médica relata que feto não é viável, não sendo possível a realização de manobras de reanimação". O recém-nascido era um menino, de 800 gramas.
A mãe afirmou que não sabia que estava grávida e por isso não fez o exame pré-natal. Ela não sabe dizer se houve erro médico porque estava passando muito mal.
Encaminhado à maternidade
Apesar do bebê ter sido considerado morto, ele e a mãe foram encaminhados à maternidade Darcy Vargas. O prontuário desta última unidade comprova que o recém-nascido estava vivo. O menino chegou sem batimentos que pudessem ser ouvidos, mas foi reanimado e depois levado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A criança morreu 12 horas depois.

O coordenador de neonatologia da maternidade, Robson Marcelo de Oliveira, explica que, em casos de prematuros como esse, a chance de sobreviver é de cerca de 40%. "O que influencia na situação também é a idade gestacional. Não é somente o peso o parâmetro que vai definir a viabilidade ou não da criança. 24 semanas já é idade gestacional limítrofe para gente em relação à estatística de sobrevivência e prognóstico de qualidade de vida", diz.
Transporte
Nesse tipo de caso, o atendimento precisa ser feito por especialistas o quanto antes. O prontuário da maternidade confirma que o transporte do PA à maternidade foi feito sem incubadora.

De acordo com o diretor da maternidade, Fernando Marques Pereiras, em condições ideais, o bebê não poderia ser transportado dessa maneira. "O ideal seria o transporte via Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], que faz esse tipo de transporte, com incubadora", declara.

O diretor da maternidade não avalia o atendimento do PA. Ele afirma apenas que dentro da Darcy Vargas o atendimento foi correto e conta como a criança chegou até a unidade. "Tem relato que ela chegou em um saco plástico. Não se sabe se estava aberto o plástico ou não. Isso, às vezes, até é uma maneira de manter temperatura do bebê", relata.

Investigação
A Prefeitura de Joinville abriu uma auditoria médica interna para avaliar se houve negligência no atendimento ao recém-nascido. A Polícia Civil e o Ministério Público também investigam o caso.

A médica citada na sindicância disse que ainda não foi informada da investigação. Disse ainda que não fez esse atendimento, mas estava de plantão no dia. Pelo que conseguiu acompanhar, a outra profissional que atendeu a mãe seguiu o protocolo da unidade.

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