segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Polícia Civil começa a coletar DNA de familiares de desaparecidos em SC

Amostras de DNA de familiares de pessoas desaparecidas em Santa Catarina começaram a ser coletadas no estado. O trabalho deve ser feito de forma gradativa e, neste primeiro momento, de casos considerados mais antigos ou com maior repercussão pela Polícia Civil, segundo o delegado responsável, Wanderley Redondo. Segundo ele, com o tempo, o objetivo é conseguir uma amostra de todos os desaparecidos.
"Será possível confrontar os perfis genéticos dos parentes [dos desaparecidos] tanto no banco estadual, quanto no nacional, o CODIS. É um custo alto, então nós estamos fazendo devagar", explica o delegado.
A Delegacia de Pessoas Desaparecidas do estado, com sede em Florianópolis, possui 6 mil registros. Wanderley Redondo explica que o mapeamento genético de familiares pode ajudar a identificar parte destas pessoas, com ou sem vida, especialmente as que não possuem registro de digitais ou não têm condições de serem identificadas por esse meio.
Assim que as amostras de DNA dos familiares são coletadas, elas são enviadas ao Instituto Geral de Perícias (IGP), responsável em fazer o mapeamento genético e a inclusão dos dados no sistema nacional.
Começo dos trabalhos
O primeiro passo para a catalogação estadual foi dado na última sexta-feira (11). Policiais civis foram até o Norte do estado, nas casas do pai e da mãe de Alexandre Felisberto de Almeida. O menino desapareceu quando tinha 6 anos, em 22 de agosto de 2004, em Balneário Barra do Sul.

Wanderley Redondo explica que a criança estava caminhando com um amigo na comunidade de Conquista, no interior do município, quando desapareceu. "Já faz muito tempo e não há certeza de como isso ocorreu, tem gente que diz que uma bicicleta parou e o levou, outros falam que foi um carro", comenta o delegado.
A escolha deste caso para ser o primeiro se deve ao fato de os dois pais do menino ainda estarem vivos, mas o pai já idoso estar com a saúde frágil, segundo o delegado.
A próxima coleta deve ser feita de outro caso bastante antigo e que ganhou repercussão em Florianópolis. Eliceia Silveira tinha 9 anos quando desapareceu ao sair de casa e ir para uma farmácia perto de onde morava, no bairro Agronômica. Ela foi vista pela última vez no dia 18 de maio de 1995.
"Nós vamos procurar a mãe dela e a irmã para coletar as amostras, mas não há data de quando isto deve ser feito", ressalta Wanderley Redondo.
Projeto de Lei estadual
Eliceia e Alexandre não tinham digitais cadastradas, por isso, o mapeamento genético acaba sendo um grande avanço no processo de identificação. O delegado responsável pela Delegacia de Pessoas Desaparecidas espera com expectativa a aprovação do Projeto de Lei 0064.6/2015 que institui a Política Estadual de Busca de Pessoas Desaparecidas.

O projeto, do deputado Valmir Comin, foi apresentado em março deste ano e está tramitando na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Ele estabelece uma série de ações estaduais integradas na busca por pessoas desaparecidas.
"[A coleta de DNA, para criar um banco de dados genético] é um dos pontos da lei e estamos antecipando o processo, que deve ser ampliado com a aprovação", avalia Wanderley Redondo.
Segundo ele, o projeto prevê maior integração de informações sobre pessoas desaparecidas entre diferentes órgãos de governo, hospitais, escolas e casas de tratamento, o que pode auxiliar e agilizar a identificação. "Muitas vezes, a pessoa está internada e não sabemos. Com a lei, seremos notificados", conclui o delegado.



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