terça-feira, 1 de setembro de 2015

Equoterapia ajuda pacientes com deficiências físicas em Jaraguá do Sul

Fortes, ágeis e sociáveis, os cavalos contribuíram para o desenvolvimento da espécie humana. Para além do transporte, segurança ou esporte, esses animais são fundamentais na equoterapia, um método moderno de tratamento para pessoas com deficiências. O contato com a natureza, aliado ao trabalho de uma equipe profissional, pode ser capaz de transformar a vida de mais de 30 praticantes na região do Vale do Itapocu.

Toda semana, Erick Mathias Sauer, de cinco anos, chega à Associação Jaraguaense de Equoterapia (Ajae). Há dois anos, quando iniciou o tratamento, não podia andar, nem falar e tinha dificuldades para interagir. Ainda bebê, ele foi diagnosticado com microcefalia, epilepsia e, mais recentemente, com um leve grau de autismo. Isso o impedia de desenvolver habilidades motoras e sensoriais.

De acordo com a mãe de Erick, Marilene Sauer, os resultados surgiram nos primeiros cinco meses de terapia. Ele adquiriu equilíbrio, força, coordenação e confiança para caminhar e interagir com as pessoas.

– Agora ele faz contato conosco, começou a falar e faz carinho no gato e no cachorro, nos quais antes não conseguia encostar. Reparo que ajudou no comportamento, na fala, na coordenação motora. Ele fica muito tranquilo em cima do cavalo. De todos os tratamentos, foi o melhor, pois aqui ele faz isso brincando.

Os três pilares da equoterapia são pedagogia, fisioterapia e psicologia. Em cada sessão, Erick cavalga cercado por três profissionais dessas áreas, cada um responsável por uma técnica diferente. Em Jaraguá do Sul, a equipe se estende a mais três fisioterapeutas e oito voluntários.

Segundo a instrutora de equitação e pedagoga Paula Monteiro, cada cavalo tem uma particularidade no passo, assim como o solo onde se cavalga, e isso permite a prática de diferentes atividades físicas. Um passo mais curto, num solo firme, ajuda a fortalecer a musculatura de Erick; o solo mais arenoso, num cavalo maior, contribui para a força e equilíbrio. Para ela, a diferença entre esse método e a fisioterapia tradicional está na ludicidade e contato com a natureza.

– Se olhar de costas, durante a equitação, percebe-se que o movimento da marcha do cavalo simula o passo humano. Então, ele o prepara para a caminhada, mesmo antes de ele caminhar, como era o caso do Erick. É uma variedade de estímulos – explica Paula.

Praticantes recebem apoio da comunidade

Desde 2007, a Associação Jaraguaense de Equoterapia (Ajae) atende à população das cidades do Vale do Itapocu. A ideia de unir uma atividade que envolvia cavalos e crianças surgiu numa conversa entre a pedagoga e instrutora Paula Monteiro e uma psicóloga, que também praticava equitação. 

– É uma função social para algo que eu amo fazer. Os cavalos são fortes, livres e poderosos. Quando a criança, com algum tipo de deficiência física, por exemplo, monta, ela assume as rédeas e transpõe isso para a vida dela. E eu aprendo muito com elas, porque isso mexe com a nossa escala de valores. São guerreiras, dedicadas e por isso são um exemplo para mim – diz Paula.

Atualmente, a Ajae atende a 32 pessoas da região. São praticantes de um a 40 anos, entre homens e mulheres. Como a terapia envolve uma equipe profissional, o tratamento adequado dos cavalos e a infraestrutura, o custo da mensalidade é alto. Entretanto, 40% recebem ajuda financeira de pessoas, empresas e instituições. 

A mãe de Erick, por exemplo, é moradora do bairro Nereu Ramos e vai de ônibus à associação, com sede na Sociedade Hípica de Jaraguá do Sul, no km 69 da BR-280. Para subsidiar o tratamento, ele recebe apoio do Rotary Club. Segundo Paula, a associação tem um projeto para captação de recursos. Os interessados em contribuir podem entrar em contato pelo telefone 9175-4786.

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